Sem título
A discussão sobre as questões "sindicais" dos militares vai animada, fazendo vir à liça camaradas que se tinham mantido em discreto silêncio, o que é bom.
No que respeita aos métodos de luta por direitos ou outros desideratos, é mais do que evidente que cada nova manifestação promovida pelas associações corresponde a um novo trambolhão dos militares na opinião pública, a nova onda de artigos de opinião, onde, a par de justos comentários, se misturam os maiores disparates ditos pelos mais conceituados comentadores da nossa praça.
Subjacente à problemática em causa existe, há anos, um problema de comunicação. Quando pela via institucional não há notícias, para as tropas os chefes não estão a fazer nada. Temos tido exemplos de CEM's que se esforçaram por manter uma informação regular e logo outros que acabaram com ela. Nos tempos que correm, cinquenta anos depois do termo relações públicas ter sido inventado e dos cursos de liderança ensinarem isto, a comunicação não funciona. Para a instituição militar o pessoal da reserva e da reforma não existe. Não só ninguém se lhes dirige, como não há meio instituido para o fazer. Será difícil usar as revistas, os sites dos Ramos, newsletters, cartas, intranet, etc.?
Como sempre, será preciso que cada militar saiba e acredite que o seu chefe está a pugnar pelos seus interesses, que o seu chefe máximo faz o mesmo junto do seu Ministro e, já agora, que o seu Ministro tenha algum pêso no Governo.
Isto é a teoria. Por outro lado é sabido que tem sido extremamente difícil aos CEM, nos últimos anos, tratarem destes assuntos de índole social e estatutária com o governo, devido às peculiares características do poder político, seus agentes e métodos de trabalho.
Resta dizer que existe também falta de comunicação do governo para com a sociedade civil. De facto, esta não sabe nada do que se passa na esfera da defesa e perduram as ideias do passado, mesmo nos cérebros que se queriam mais esclarecidos. Como é que se justifica que depois de terem sido aprovados os conceitos estratégicos, as missões, o dispositivo, a Estrutura de Forças e a lei de Programação Militar, venha um José Miguel Júdice, e outros do mesmo calibre, dizer que é preciso reduzir as F.A., vender património e ser igual à Irlanda? Andam distraídos ou é de propósito?
Comentários:
Ninguém anda distraído,
A Júdice , quando não era Ninguém , bem lhe soube ser convidado para os debates sobre a imprensa militar.
O PS odeia os militares , desde sempre , e tudo fará para acabar com eles.
Os CEM sempre deixaram que os Ministros da Defesa também o fossem das Forças Armadas , porque é o maior orgasmo que lhes dá.
Que o diálogo com o poder político é difícil, todos nós sabemos. Mas a questão é o apego que os Chefes têm ao poder. Não vi nenhum demitir-se por considerar que o que se segue não é o correcto. E quem cala consente, principalmente perante os seus homens. Para mim, continua o problema em saber se um CEM é o representante do Ramo ou é um representante do poder político junto do Ramo!
Quando a escolha dos CEM passou a ser política a figura do comandante foi por água abaixo. Terão que se esforçar muito para demonstrar que que assim não é.
Gostaria de insistir no facto de não sermos funcionários ou assalariados, mas Militares. Suponho que o público desconhece essa peculiaridade e ninguém se esforçou por esclarecer a situação, incluindo muitos militares. Considero também que os cursos de auditores de defesa nacional falharam a missão de esclarecer as elites de tal peculiaridade.
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