Aviso aos navegantes

Tal como o Silva Nunes comunicou na onda “MUDANÇA DE BLOGUES”, foi criado um novo blogue, o “Água aberta … no OCeano II” cujo endereço é: http://blogueoc.blogspot.com/.

Este velho “Água aberta … no OCeano” congelou. Será mantido apenas como “arquivo”.

terça-feira, agosto 29, 2006

“Inexactidões” da Senhora Deputada Maria de Belém Roseira

No “Público” de hoje vem um esclarecimento do irmão da Sra. Deputada Maria de Belém Roseira sobre “inexactidões” relativas à sua vida militar, constantes numa entrevista que a Sra. Deputada deu à revista “Visão” e que o “homúnculozinho EPC” transcreveu no “Público”.
Acho que vale a pena divulgar esse esclarecimento pois mostra bem onde pode chegar o complexo anti-militar de que sofrem alguns dos nossos políticos e uma grande maioria dos intelectualóides de esquerda.
A D.ª Maria de Belém, que eu julgava sensata, não teve senso q.b. para se informar convenientemente junto do irmão sobre os anos que este passou no Exército. Lá teve que ser corrigida através da carta que a seguir transcrevo, em que o irmão demonstra uma rectidão que me parece exemplar.
 
Esclarecimento
     Na edição de 24/8 do PÚBLICO, a crónica do prof. Eduardo Prado Coelho cita três excertos de uma entrevista concedida pela minha irmã Maria de Belém à revista Visão. Um deles diz-me directamente respeito. Por achar que essas desculpáveis e compreensíveis inexactidões afectam seriamente a minha imagem, solicito o seguinte esclarecimento:
  — Não fugi da Academia Militar (AM). Apenas fiquei desiludido com a carreira militar e saí por uma das duas portas que tinha: reprovar duas vezes. Havia uma segunda porta que, durante muito tempo, ninguém ousou abrir: o requerimento solicitando o abate ao Corpo de Alunos (CA) da AM e pagamento de uma indemnização ao Estado. Até ao dia em que dois alunos, mais abonados financeiramente, decidiram optar por esse processo. Afinal, a indemnização era quase simbólica e de imediato se seguiram algumas dezenas (julgo que umas cinco) de pedidos que foram satisfeitos. A tutela ficou em pânico e, violando a lei que ela própria tinha feito e que determinava que os alunos abatidos ao CA cumpririam o Serviço Militar Obrigatório nas Armas ou Serviços a que pertenciam, decidiu de imediato dissuadir os abandonos passando a reclassificar os alunos-engenheiros que abandonassem a AM em oficiais milicianos de Infantaria (atiradores e sapadores), menosprezando a sua preparação técnica e transformando-os, e sobretudo aos homens que iriam comandar nos teatros de operações (TO), em “carne para canhão”. Isso levou à compreensível deserção de alguns deles. Pela minha parte, não recebi praticamente qualquer preparação específica. Estive apenas dois ou três meses em Mafra, parcialmente ocupados em fazer um levantamento topográfico e uns projectos insignificantes. Os seis anos de curso que já tinha, quando saí, não serviram praticamente para nada…
  — Não fui contra minha vontade para a Guiné. Achava que era o meu dever e admirava o general Spínola. Fui para, tal como mais de 90 por cento dos combatentes, defender as populações que queriam viver em paz e contribuir para o seu progresso e bem-estar. Não estou arrependido, embora profundamente desiludido com os resultados do sacrifício de alguns dos melhores anos da minha vida.
  — Não é exacto que tenha feito o SMO como soldado. Fi-lo como tenente miliciano sapador de Infantaria e com três anos de antiguidade à data da promoção (!). Durante três anos e não quatro.
  — Não é exacto que depois da guerra tenha visto na minha ficha (?) que tinha sido enviado para o lugar mais perigoso. Soube sim, através de camaradas da Academia Militar que estavam no Quartel-General (QG) do Comando Militar, em Bissau, que havia realmente uma indicação, mais ou menos privada, para me mandarem para o pior sítio disponível, o que me foi confirmado, talvez já nos anos 80, pelo general Salazar Braga, então chefe do Estado-Maior do referido QG. Ninguém quis saber disso e fui colocado onde era preciso, em Nova Lamego, em substituição de um oficial sapador que tinha sido evacuado por doença grave. Era um lugar muito tranquilo, onde andei quase sempre desarmado e, durante seis ou sete meses, apenas uma vez (3 de Abril de 1970) estive (dez minutos) debaixo de fogo na flagelação de “boas-vindas” [risos] ao novo quartel!
     Sendo o oficial sapador (em funções) mais graduado do teatro de operações (os militares de Engenharia do BEng 447 não exerciam), pouco tempo depois fui convidado para continuar a minha comissão de serviço no Centro de Operações Especiais do Comando-Chefe, onde fiquei, até ao fim, como adjunto do então major Almeida Bruno e tive oportunidade de participar em operações com comandos, pára-quedistas e fuzileiros.
     Fui louvado e condecorado com a Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma (DG n.° 218 - II Série -17 de Setembro de 1973). Embora considere não a ter merecido, tenho nela o maior dos orgulhos. Foi-me concedida pelo meu esforço e dedicação em prol dos objectivos referidos. (…)
JOSÉ JOÃO ROSEIRA COELHO
Vila Nova de Gaia