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segunda-feira, novembro 13, 2006

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO "PATRULHÃO"

4. A LONGEVIDADE DOS NAVIOS

Tomei a liberdade de alterar o meu plano de intervenções relacionadas com o “Patrulhão” devido a três razões:
a) O comentário do J.N. Barbosa à minha última comunicação;
b) A notícia, também do J.N. Barbosa de 1-11-2006, da aquisição por Portugal de duas fragatas holandesas, em 2ª mão;
c) A notícia, constante do exemplar da Revista da Armada de Novembro de 2006, da comemoração dos 39 anos do aumento ao efectivo dos navios da Armada do NRP “Comandante João Belo”, o qual ocorreu a 1 de Julho.

Em primeiro lugar, uma correcção ao período final da minha comunicação de 25 de Outubro, destinada a tentar clarificá-lo: Os navios contratados entre o Estado Português e os Estaleiros Navais de Viana do Castelo não são, infelizmente, “navios civis pintados de cinzento”, mas sim, “navios combatentes desarmados”. Voltarei, em tempo oportuno, a esta afirmação.

Em segundo lugar, comentando o comentário do J.N. Barbosa, considero que a longevidade de um navio pouco ou nada tem a ver com a sua natureza (navio de guerra ou mercante), mas com a respectiva rentabilidade. No caso, por exemplo, de um navio de comércio o seu armador desejará aliena-lo quando, devido a um aumento dos custos da sua exploração (de manutenção, entre outros) o frete marítimo exigido para uma exploração rentável for superior ao valor corrente de mercado. É essa a razão pela qual aparecem, nas águas europeias, criando problemas de segurança da navegação e de poluição dos mares, navios com bandeiras de conveniência, mal mantidos e com tripulações sem formação adequada (e salários de miséria). Tal alienação ocorre, normalmente, numa altura em que é exigido proceder à reclassificação do navio (a intervalos de 5 anos), operação de manutenção de custos muito elevados. Assim, um armador que saiba fazer as contas poderá concluir (dependendo das condições dos mercados de fretamento, de construção e de reparação de navios) ser-lhe mais rentável alienar um navio de 10, 15 ou 20 anos e construir um navio novo.
Idêntico raciocínio poderia ser levado a cabo no caso de um navio de guerra, especialmente um navio de patrulha oceânica (offshore patrol vessel – OPV), o tal “navio civil pintado de cinzento”: uma marinha poderá concluir ser-lhe mais “rentável” mandar construir um navio que lhe custe 30 milhões de euros do que gastar 7,5 milhões numa operação de manutenção, a qual poderá implicar também uma imobilização de cerca de dois anos desse navio.

Em terceiro lugar, gostaria de referir-me à notícia da aquisição das duas fragatas holandesas, em 2ª mão, aquisição essa com a qual concordo e que muita alegria me dá. Se não me engano, são fragatas classe M, as quais terão agora cerca de 20 anos. Interrogo-me sobre qual terá sido a razão que terá levado o Estado Holandês a alienar estes navios.

Gostaria também de apresentar o caso de alguns navios emblemáticos, que se mantêm ao serviço da Marinha Portuguesa., exemplos de longevidade, referidos no livro recentemente editado pelas Edições Culturais da Marinha “DICIONÁRIO DE NAVIOS & Relação de Efemérides” do camarada Rodrigues da Costa:
Fragata “D. Fernando II e Glória” (pág. nº 110), lançada às água em 22-10-1843, tendo saído de Goa em 2-21845;
Lugre “Creoula” (pág. nº 104/105), lançado à água em 10-5-1937, tendo nesse mesmo ano iniciado a sua primeira campanha bacalhoeira;
Navio-escola “Sagres” (pág. nº 252/3) construído em 1937/8.
Espero, sinceramente que estes navios permaneçam ao serviço da Marinha por muitos mais anos e que a Marinha disponha sempre dos recursos necessários à sua adequada manutenção.

Finalmente, a notícia do 39º aniversário do aumento ao efectivo do NRP “Comandante João Belo” que tantos e tão bons serviços prestou ao País e à Marinha, nomeadamente nas ex-colónias portuguesas, em África. Interrogo-me se a sua longevidade não representará uma fatalidade da Marinha: a permanente inexistência dos recursos financeiros adequados a uma substituição racional dos seus navios, sempre que deixem de ser “rentáveis”.

Por hoje fico por aqui. Gostaria de ter feito algumas considerações sobre as características de operação que diferenciam um “navio civil pintado de cinzento” de um “navio combatente desarmado”, mas o receio de maçar os amáveis leitores com uma excessivamente longa comunicação, impede-me de continuar . Fica para a próxima.

Comentários:

Em novembro 13, 2006 11:53 da tarde, Blogger J.N.Barbosa escreveu...

Porquê infelizmente é um navio
de guerra desarmado? Por ser mais caro? Dado o irracional prolongamento da sua vida, é pelo menos a garantia de que a qualidade é um pouco melhor.Por outro lado, as altas cavalarias em que andam sempre metidos aconselham que sejam melhores do que um mercantão.
Nos países normais os navios são substituidos quando se tornam caros, aqui é quando os terráqueos deixam.
Espero que não estejas a apontar a J.Belo como um exemplo a seguir...

 
Em novembro 14, 2006 2:10 da manhã, Blogger Jota escreveu...

Meus caros,
Começam a ser necessárias as considerações que o JBR gostaria de ter feito sobre as diferenças entre um “navio civil pintado de cinzento” de um “navio combatente desarmado”. Para além disso, acho que seria muito útil termos uma ideia sobre a diferença entre os respectivos custos.

 
Em novembro 14, 2006 2:24 da manhã, Blogger Jota escreveu...

Sobre a idade das duas fragatas M, foram ambas aumentadas ao efectivo em 1994.

 
Em novembro 14, 2006 5:41 da tarde, Blogger Jorge Beirão Reis escreveu...

As fragatas classe "Comandante João Belo" cumpriram a sua missão, e bem, nas ex-colónias. Suponho que terá sido essa a justificação da sua aquisição. Suponho também que já tem direito à merecida reforma.

Da informação do Jota concluo que as fragatas M têm cerca de 12 anos. Admito que, para as autoridades holandesas, seria o momento de pensar na sua modernização. Insisto que é uma óptima aquisição para a Marinha Portuguesa.

Vou tratar da caracterização dos dois tipos de navios - navio civil pintado de cinzento e navio combatente desarmado. Até breve.

 

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