Aviso aos navegantes

Tal como o Silva Nunes comunicou na onda “MUDANÇA DE BLOGUES”, foi criado um novo blogue, o “Água aberta … no OCeano II” cujo endereço é: http://blogueoc.blogspot.com/.

Este velho “Água aberta … no OCeano” congelou. Será mantido apenas como “arquivo”.

segunda-feira, junho 05, 2006

Bom dia OC!

Faz hoje a ninharia de 42 anos que o N.E. “Sagres”, levando 70 cadetes deste “OC” a que tanto nos orgulhamos de pertencer, largou para as Bermudas numa regata em que vivemos momentos inesquecíveis, apesar do vento não ter querido ajudar-nos.
Julgo que a melhor forma de recordar esse dia é transcrever o que o Simões Teles escreveu, se não estou em erro no “Tridente”, e que também foi publicado no jornal dos 25 anos do nosso curso, de onde o copiei:


Às 10:00 do dia 5 de Junho de 1964, 6ª feira, a SAGRES, levantou ferro do QNG. Com uma brisa crescente de SW sussurrando entre a mastreação, rumou barra fora. Ao largo de Cascais aproou-se a N e caçaram-se as primeiras velas. O vento tinha rondado para S.
A linha de largada estava colocada entre o cabo Raso e o aviso «Bartolomeu Dias», uma linha imaginária no sentido E–W. O vento era o pior que poderíamos desejar, dado que a nossa finalidade era demandar as ilhas Canárias, a S, ponto de passagem obrigatória.
As instruções da Regata obrigavam os navios a parar as máquinas 10 minutos antes das 13:30, hora exacta da largada. Atrás de nós começaram a surgir os restantes veleiros, com as velas caçadas já, navegando à popa arrasada. Caçaram-se as restantes velas, sempre com rumo N.
Os momentos que antecederam a largada foram excitantes. A «SAGRES» aproximou-se perigosamente da linha imaginária e corria o risco de largar adiantada. Carregou-se algum pano. Esperam-se uns momentos. E, com uma precisão calculista, já com todo o pano caçado e máquinas paradas há 15 minutos, cortámos a linha de largada momentos depois do tiro da 120 do «Bartolomeu Dias» e a 50 metros deste, o mais a W possível, como convinha. Atrás de nós o «DANNEMARK», a sotavento, depois o «ELCANO» a barlavento. Houvéramos sido os primeiros a largar.
Começava a grande Regata. Confiantes, a ideia da vitória sobrepunha-se de modo evidente a qualquer outra hipótese.
Encostaram-se as vergas a mais não poder; caçaram-se bem todos os latinos. Dispuseram-se as vergas em leque. Navegávamos à trinca, orçados o mais possível; o vento era SSW e o rumo 290.
Uma desilusão surge. O veleiro alemão, «GORCH FOCK», o mais temível adversário, vem na nossa esteira, mais orçado e mais veloz. Passa-nos por barlavento. Continua a orçar mais do que nós. Ao anoitecer o Alemão estava a 4 milhas, na nossa amura de BB. O «CRISTIAN RADICH» marca-se pela alheta do mesmo bordo, mantendo a distância. O «DANNEMARK» arriba e com ele es restantes veleiros. O «ELCANO» perde-se de vista pela popa no nevoeiro e na noite que caem.
O vento refresca. O «GORCH FOCK», perde terreno. O «CRISTIAN RADICH» carrega os altos e desaparece. É noite escura e estamos sozinhos.


Tenham uma boa semana!
N.E. Sagres
Esta fotografia não foi tirada no dia da nossa partida para as Bermudas, mas podia ter sido…

Comentários:

Em junho 05, 2006 8:49 da tarde, Blogger José Cruz escreveu...

Jota

A tua evocação de um passado que nos enche, desperta sentimentos que raiam a comoção e que não há adjectivos, pelo menos para mim, que os definam.

Bem Hajas.

Um grande abraço.

 
Em junho 05, 2006 11:01 da tarde, Blogger Jorge Beirão Reis escreveu...

Com muito meos emoção e alguma falta de respeito interrogo-me se não teríamos desistido da regata no dia de aniversário do "Infelon"

Um abraço

 
Em junho 06, 2006 12:15 da manhã, Blogger Jota escreveu...

Não te adiantes. Lá chegaremos...

 
Em junho 06, 2006 12:32 da manhã, Blogger FdaPonte escreveu...

É claro que foi.
Mas como nós sabemos não foi só a Sagres a sentir a "sua" influência.

 
Em junho 06, 2006 3:08 da tarde, Blogger Bastos Moreira escreveu...

Dia 29 de Junho de 1964, fazia eu 19 anos. Tens razão "Beiron", foi nesse dia, o que me podem agradecer por poderem ter passado cinco magníficos dias nas Bermudas, em vez de um ou dois se tivéssemos teimado. Um abraço oceânico.

 

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