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Tal como o Silva Nunes comunicou na onda “MUDANÇA DE BLOGUES”, foi criado um novo blogue, o “Água aberta … no OCeano II” cujo endereço é: http://blogueoc.blogspot.com/.

Este velho “Água aberta … no OCeano” congelou. Será mantido apenas como “arquivo”.

segunda-feira, maio 29, 2006

Nuclear? Não, obrigado!

Ainda não ouvi qualquer argumento favorável a esta forma de energia que fizesse alterar a minha natural aversão à sua instalação em Portugal. Esta possibilidade, que parecia afastada há quase trinta anos, volta a ser discutida entre nós apesar de o Eng. Sócrates dizer que "não está nos planos do Governo". Sabe-se o que isto vale, hoje em dia.
A energia nuclear não é barata, não é segura e não resolve a nossa dependência do petróleo. Além disso tem associado o sério problema do armazenamento de resíduos radioactivos para o qual ainda não existe qualquer solução técnica (aceitável) conhecida.
Há dias, o Eng. Mira Amaral (defensor da energia atómica), num debate na TSF, dizia que como Espanha já tinha centrais nucleares nós já estávamos em risco, por isso mais valia ter alguns benefícios (quais?) e instalá-las em Portugal. No último fim-de-semana, num forum sobre esta questão, ouvi uma senhora espanhola, representante da Greenpeace e após uma apresentação absolutamente devastadora contra o nuclear, criticar directamente este argumento dizendo que se os portugueses estavam em risco por causa das centrais espanholas, o que havia a fazer era fechá-las e não construir mais algumas em Portugal. Nem mais! Também informou que Zapatero prometeu encerrar todas as centrais espanholas. Vamos lá ver se as promessas do lado de lá valem mais do que as de cá.

Comentários:

Em maio 30, 2006 4:55 da manhã, Blogger Jota escreveu...

A questão energética, pois julgo que o problema da energia nuclear tem que ser tratada no âmbito mais lato da política energética, é um bom tema de debate, embora tenha uma dimensão que talvez exceda os limites do nosso blog. No entanto, podemos tentar alinhar algumas ideias e, quem sabe, contribuir para uma discussão desapaixonada.
Para já, apenas uma dúzia de linhas e depois vou tentar escrever mais algumas que talvez dêem para dois ou três “posts” daqui a uns dias.
Começo por dizer que, neste momento, não sou pró nem contra a instalação de centrais nucleares em Portugal. Os argumentos que têm sido apresentados por cada uma das partes não me permitem tomar partido de forma consciente. Contudo, sou sensível a alguns argumentos que têm sido apresentados pelo lado pró-nuclear e considero que, de algum modo, os argumentos anti-nuclear “cristalizaram” e pouco evoluíram nestes últimos 30 anos.
Sempre que se discute esta questão há sempre demasiado ruído à sua volta, o que naturalmente prejudica o debate. Julgo que não estarei muito longe da verdade ao afirmar que as discussões e opiniões que ultimamente têm vindo a lume na comunicação social são altamente influenciadas pelos interesses económicos que estão por trás do nuclear, das eólicas e até do fotovoltaico.
Para suportar esta minha opinião e a título de exemplo, faço apenas uma pergunta – porque é que são raras as notícias sobre o aproveitamento da biomassa florestal, comparativamente com as notícias sobre o nuclear ou o eólico? Embora volte a este tema nos tais “posts” que tenciono escrever, deixo desde já a minha resposta à pergunta – as centrais de biomassa são baratas, levam pouco betão e serão construídas em áreas que dão poucos votos… E quem é que está interessado na limpeza da floresta?
Há ainda outras questões que julgo valer a pena debater no âmbito da política energética. Por exemplo, quando é que haverá medidas que desincentivem a utilização do transporte privado em Lisboa ou no Porto?
Isto já está a ser muito grande para comentário… Apenas mais umas linhas relativamente ao que o Luís Silva Nunes escreveu:
— a energia nuclear não é barata – julgo que será interessante obter números que permitam, de facto, a comparação entre o nuclear (com todos os custos, incluindo os da desmontagem da central no fim de vida), o eólico e o fotovoltaico;
— não é segura – as consequências de Chernobyl e de Three Mile Island têm sido bastante divulgadas. O mesmo já não se passa com os acidentes que houve em barragens, por exemplo. Vou tentar arranjar elementos que permitam uma comparação, nomeadamente no que se refere à barragem de Banqiao na China, às barragens de Val di Stava e de Vajont em Itália ou à barragem de Malpasset em França;
— problema do armazenamento de resíduos radioactivos – ainda não consegui saber ao certo qual a quantidade que efectivamente está em causa numa central semelhante à que tem sido falada pelo empresário Patrick Monteiro de Barros;
— por fim, no que toca às declarações da senhora do Greenpeace, parecem-me pura demagogia. Quem é que vai fechar as centrais espanholas? É o Greenpeace? É o Zapatero? Este pode prometer tudo e se calhar até não engana ninguém. Só não diz é a data em vai encerrar as centrais. A central que foi agora encerrada e que vai começar a ser desmantelada (central de Zorita) era a mais antiga central espanhola (começou a trabalhar em Outubro de 1968) e também a mais pequena (160 MW). O seu encerramento estava previsto para Outubro de 2008, portanto só foi antecipado 2 anos e meio. Se calhar, face à sua dimensão, a exploração já não era lucrativa e o Zapatero lucrou mais uns votos dos ambientalistas ao negociar com a Unión Fenosa o seu encerramento. Quando é que Almaraz, aqui bem próxima de nós, fecha? Almaraz II começou a funcionar em 1983 e provavelmente o seu encerramento está previsto para 2023. Será que o Zapatero vai negociar o seu fecho em 2020?…

 
Em maio 31, 2006 8:58 da manhã, Blogger Luís Silva Nunes escreveu...

Concordo, é um bom tema de debate. Não o posso fazer em termos muito técnicos porque não sou especialista e nesse âmbito talvez a discussão exceda, de facto, os limites do nosso blog. Actualmente tenho uma posição bem clara, baseada no que tenho lido e ouvido: sou contra. Seguem-se alguns comentários breves e telegráficos.
Não é barata: mesmo que se obtenham números há sempre críticas dos dois lados, porque não são fiáveis, porque não incluem isto ou aquilo, porque as estimativas estão erradas, etc,etc. Para mim é significativo não se contruírem centrais nos EUA há já alguns anos e apenas depois de Bush oferecer generosos incentivos fiscais e outros apoios financeiros é que parece haver algumas hipóteses de construção. Depreendo que não é rentável porque não é suficientemente barata.
Não é segura: seguindo a mesma linha de raciocínio acho que não é segura porque não existem companhias que aceitem segurar (sem limites) as centrais contra acidentes. Foram impostos máximos nos montantes segurados (150 mil milhões de euros). O acidente de Chernobyl já custou 2.500 mil milhões de euros (estou a citar os números de memória).
No que diz respeito a Espanha: lá que Zapatero prometeu, prometeu! E a senhora não é demagoga por o dizer. Até agora este senhor, tanto quanto sei e ao contrário do nosso 1º, tem cumprido as promessas eleitorais, algumas bem polémicas.

Cá fico à espera dos teus “posts” sobre a matéria.

 

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