Aviso aos navegantes

Tal como o Silva Nunes comunicou na onda “MUDANÇA DE BLOGUES”, foi criado um novo blogue, o “Água aberta … no OCeano II” cujo endereço é: http://blogueoc.blogspot.com/.

Este velho “Água aberta … no OCeano” congelou. Será mantido apenas como “arquivo”.

domingo, setembro 10, 2006

Bom dia OC!

Nicolau Tolentino da Almeida nasceu em Lisboa no dia 10 de Setembro de 1740.
Estudou Direito em Coimbra mas as suas poucas posses não o deixaram acabar o curso. No entanto, graças à pedinchice em que era mestre e à reorganização do ensino após a expulsão dos Jesuítas, conseguiu ser professor de retórica durante quinze anos, primeiro em Évora e depois em Lisboa. Farto de “ensinar meninos”, como ele dizia, conseguiu trocar o lugar de professor por um de burocrata na Secretaria dos Negócios do Reino.
Poeta satírico, talvez um dos maiores poetas portugueses nesse género, Nicolau Tolentino raramente usou uma linguagem agressiva, preferindo ser comedido e abusar da lisonja. O seu humor balançava entre o sarcasmo e a caricatura, como é o caso deste soneto que me traz à memória a nossa velha “Selecta Literária” (se quiserem podem vê-lo na página 57 do volume I, “clicando“ na imagem em baixo).
 Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a Mãe ordena,
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali, ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz co’a doce voz, que o ar serena:
«Sumiu-se-lhe um colchão, é forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada»
«Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado;
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.
Nicolau Tolentino vangloriava os grandes, queixava-se por sistema e utilizava a poesia para pedinchar lugares e benesses. Assim conseguiu morrer abastado, aos 70 anos, no dia 23 de Junho de 1811.