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segunda-feira, outubro 17, 2005

CEMA

Jornal Expresso último:

Não aceita ser reconduzido no cargo

N.º1 da Marinha critica Governo

O chefe de Estado-Maior da Marinha (CEMA), almirante Vidal Abreu, anunciou hoje que não aceita ser reconduzido no cargo, no discurso que pronunciou na abertura do ano operacional da Marinha, no Alfeite.

Na cerimónia - a última a que preside na qualidade de CEMA, disse - teceu também duras críticas a algumas decisões do Governo e lançou recados para dentro da instituição. O almirante termina o actual mandato de três anos a 25 de Novembro.

Vidal Abreu criticou em particular a indefinição governamental quanto à aquisição das três fragatas Perry «oferecidas» pelos Estados Unidos, que classificou como uma oportunidade «irrecusável, não só pelas condições mas por ser irrepetível». A Marinha encara aqueles navios em substituição das antigas fragatas da classe João Belo, em vias de abate e, declarou, «terá dificuldades em entender outra solução».

Segundo afirmou, a Marinha corre o risco de «ficar reduzida a apenas três fragatas muito antes do final da década». Recorde-se que os Estados Unidos ofereceram a Portugal a possibilidade de compra daqueles navios por 150 milhões de euros, um quarto do preço de uma nova.

A intenção do Governo de transferir algumas responsabilidades de autoridade marítima e dar meios naúticos à GNR, nomeadamente lanchas, no âmbito de uma eventual brigada fiscal náutica, foi também severamente criticada pelo CEMA, que aconselhou a que, «antes de se efectuar qualquer mudança, se demonstrasse a sua racionalidade, as poupanças e os ganhos em eficiência que daí adviriam para Portugal».

Para Vidal Abreu, é «difícil de entender que se entreguem responsabilidades de autoridade marítima a quem não sabe, nem alguma vez teve vocação para andar no mar».

Já antes, o almirante criticara a decisão do seu superior hierárquico, o chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante Mendes Cabeçadas, de excluir os fuzileiros e os mergulhadores das missões no estrangeiro. Os fuzileiros são uma força de elite cada vez mais capaz, declarou, pelo que «continuam a ser difíceis de entender as razões da sua não utilização em teatros externos, no cumprimento de missões de paz ou outras».

O CEMA abordou ainda no seu discurso a recente situação de agitação vivida pelas Forças Armadas e, em particular, do seu ramo. Depois de afirmar que o comandante sempre encontra uma «forma equilibrada» de defender os interesses de cada um e da instituição, lembrou que o papel da Marinha, «num país com 30 anos de vida democrática, não é à frente de qualquer manifestação de rua, mas, ao contrário, dando sinais claros de garantia de funcionamento pleno dos órgãos de soberania».

E quanto aos processos disciplinares que foram instaurados a alguns militares, disse: «As punições nunca podem ser um fim em si, mas apenas um meio de, com equilíbrio e pedagogia, se assinalar algo de grave que sucedeu e que não se deve repetir»